segunda-feira, 16 de julho de 2018

Serviço Sob o Senhorio de Cristo (Cap. 16:10-18)

Serviço Sob o Senhorio de Cristo
(Cap. 16:10-18)

Vs. 10-18 – Em toda esta passagem de encerramento, vemos uma bela imagem dos vários servos do Senhor trabalhando em Sua vinha. Alguns viajavam de um lugar para outro ministrando ao povo do Senhor – como “Paulo”, “Timóteo” e “Apolo”. Outros serviam localmente, como “Estéfanas”, “Fortunato” e “Acaico”. Eles são todos encontrados trabalhando sob o senhorio de Cristo e sendo dirigidos por Ele em seu trabalho. Não há nenhuma menção deles se reportando a um conselho missionário que os enviaria para seu local de trabalho designado, como geralmente é feito hoje. Tal é uma ideia feita pelo homem que interfere com as responsabilidades imediatas dos servos sob o senhorio de Cristo.
Este capítulo mostra que quando Cristo dá dons (Ef 4:11) os homens são diretamente responsáveis para com Ele em seu ministério. A Cabeça da Igreja está no céu, e dirigirá os membros de Seu corpo em sua esfera do ministério, se olharem para Ele. Descobrimos que nos primeiros dias do Cristianismo a obra do Senhor não foi realizada sob uma organização de homens – nem mesmo dos apóstolos. Isso foi, e ainda é apenas obra do Espírito de Deus. O que o Espírito então fez, podemos contar com Ele para fazer agora. As escrituras dizem: “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a Sua seara.” (Mt 9:38). E novamente: “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai–Me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia” (At 13:2-4).
Essas referências indicam que os servos do Senhor devem estar livres para agir sob Sua direção imediata. As Escrituras não dizem nada sobre servos do Senhor sendo controlados por uma organização terrena de homens, mas pelo Senhor por meio do Espírito Santo. O Senhor, pelo Espírito, enviou Paulo e Barnabé para o campo, e não há menção deles reportando-se a um conselho para direção e apoio nesse serviço. Nem há qualquer menção dos servos do Senhor naquela época frequentando um seminário antes de ministrarem. A posse de um dom para ministrar a Palavra era a autorização deles para usarem esse dom (1 Pe 4:10-11). Deveria ser o mesmo hoje.
A Igreja deveria reconhecer um dom como sendo enviado pelo Senhor e deveria dar à pessoa “as destras em comunhão” nessa obra que faz, como foi o caso em Antioquia a respeito de Barnabé e Saulo (At 13:3; Gl 2:9). Pode ser um dom prático ou apoio financeiro. Mas a Igreja ou qualquer organização paraeclesiástica envolvida no trabalho de enviar servos está realmente interferindo na responsabilidade imediata do servo de agir sob a direção do Senhor. Eles tendem a se tornar servos dessa organização para cumprir seus objetivos e respondem a ela em seu ministério.
Não vemos nada disso nesta passagem ou em qualquer passagem nas Escrituras. Anteriormente na epístola, Paulo disse que encorajaria Timóteo a ir a Corinto e lembrar-lhes de seus caminhos em Cristo, e os exortou quanto à sua responsabilidade de colocar as coisas em ordem (1 Co 4:17). Este era um belo desejo de Paulo, mas era o máximo que podia dizer. Nenhum apóstolo tinha autoridade sobre outro servo para mandá-lo para um trabalho se não se sentisse conduzido a fazê-lo. Eles poderiam recomendar e encorajar alguém nessa direção, mas, em última instância, a pessoa tem de se sentir guiada pelo Senhor. Ele diz aqui: “E, se for Timóteo...” (v. 10). Isso mostra que, embora o apóstolo desejasse que Timóteo fosse a Corinto, entendia que ele tinha de ser dirigido pelo Senhor nisso. Havia uma possibilidade de que Timóteo não se sentisse conduzido a ir.
Paulo exortou os Coríntios que “se” ele fosse, que o deixassem estar entre eles “sem temor”. Timóteo era um jovem trabalhador tímido e precisavam dar-lhe espaço para exercitar seu dom no ministério. Com a confusão acontecendo em suas reuniões (1 Co 14:26), alguém como Timóteo nunca seria capaz de trazer uma palavra. Então Paulo disse: “Portanto, ninguém o despreze” (v. 11). Timóteo não apenas fez “a obra do Senhor”, mas a fez da mesma maneira e espírito “como” o apóstolo Paulo. Esta foi uma alta recomendação.
Vemos aqui que “Apolo” não estava sob a direção apostólica (v. 12). Paulo disse que “desejou grandemente” (KJV) que Apolo fosse a Corinto, mas ele tinha outros lugares em seu coração. Apolo recorreu ao Senhor e sentiu-se direcionado a não ir naquele momento. O apóstolo, tendo expressado seu desejo, respeita suas convicções e deixa o servo do Senhor livre para agir diante de seu Mestre.
Poderíamos nos perguntar se Paulo não iria a Corinto por causa dos problemas e por que ele incentivava outros servos a irem? A razão, acreditamos, é que ele era um apóstolo e seria forçado a agir em juízo entre eles. Portando essa responsabilidade, desejava que os outros fossem e procurassem trazê-los ao arrependimento, de modo que quando ele fosse, ele não teria de agir em julgamento.
Os versículos 13-14 indicam que a assembleia em Corinto não dependia da vinda dos servos do Senhor para corrigirem as coisas; eles eram diretamente responsáveis perante o Senhor para colocar as coisas em ordem. Cinco pequenas exortações se seguem. Todas visavam incitar os Coríntios a agirem em relação à necessidade de corrigir as desordens em sua assembleia. Ele diz: “Vigiai, estai firmes na fé: portai-vos varonilmente, e fortalecei–vos. Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade [amor].
Vemos no caso de “Estéfanas”, “Fortunato” e “Acaico”, que também estavam fazendo a obra do Senhor. Mas foi principalmente em um sentido local. “A família [casa] de Estéfanas” é colocada diante de nós como modelo de liderança na assembleia. Eles se destacaram por cuidar do rebanho. Eles tinham “se dedicado [devotado] ao ministério [serviço] dos santos” (v. 15). Esta é uma bela recomendação. Nós não lemos que Paulo tivesse nomeado anciãos naquela assembleia (talvez por causa da carnalidade deles), mas mesmo que não houvesse ninguém naquele lugar oficialmente, o trabalho de supervisão continuou.
Este é um exemplo para nós hoje, já que não temos nenhum apóstolo para indicar os anciãos em nossas assembleias. O Espírito de Deus ainda pode levantar aqueles que vão liderar e cuidar do rebanho, e, o trabalho de supervisão ainda pode continuar (At 20:28). Simplesmente é que não temos nenhum poder apostólico para designá-los oficialmente para esse lugar. Os Coríntios deviam se “sujeitar” aos tais (v. 16) e “reconhecê-los” naquela posição (v. 18). Compare também Hebreus 13:17 e 1 Tessalonicenses 5:11-12.
Descobrimos que, como era o caso com os outros servos do Senhor, “Estéfanas”, “Fortunato” e “Acaico” não estavam sob nenhuma direção apostólica. Eles tinham ido ao apóstolo por sua própria vontade, como guiados pelo Senhor, e supriram coisas que estavam “faltando” por parte da assembleia dos Coríntios (v. 17). Esta é uma referência à comunhão prática deles com o apóstolo que a assembleia, como um todo, não exercitava. Diante dessa falta, esses três irmãos proviam de seus próprios bolsos. 

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