As Qualidades do Amor
(Cap. 13:4-7)
Nos versículos 4-8a, Paulo fala de 16
qualidades do amor. As primeiras sete
qualidades apontam para a necessidade da completa renúncia ao “eu” – o manter o
eu fora ao ministrar a Palavra. As últimas nove
qualidades dizem respeito a como devemos nos comportar na presença da carne
manifestando–se no ministério.
1)
“É logâmino [Longa paciência]” (ATB, JND) – Isso reprova um espírito
impaciente em ministrar a Palavra. A carne não pode esperar para falar, mas o
amor é “paciente por muito tempo” e
esperará a condução do Espírito para trazer uma palavra “a seu tempo” (Mt 24:45). Aquele que não tem essa qualidade de amor
manifestará uma falta de controle próprio em manter “sujeito” seu espírito (Cap. 14:32). Somos lembrados do sacerdote
no Antigo Testamento que tinha uma “sarna
[coceira]” (Lv 21:20 – JND); ele não deveria atuar no santuário. Uma pessoa
com uma coceira como todos sabem, não pode ficar parada. Outro exemplo da falta
de controle do espírito no ministério é o jovem “Aimaás”, que estava ansioso
para correr com uma mensagem, e insistiu em fazê-lo. Mas quando ele chegou
diante de sua audiência, ele não tinha nada a dizer (Compare 2 Sm 18:19-32). O
rei Salomão disse: “Tens visto um homem precipitado nas suas
palavras? maior esperança há dum tolo do que dele” (Pv 29:20).
O amor verdadeiro pode e irá esperar pelo tempo de Deus para falar, e quando é
o tempo de Deus, a pessoa governada por tal amor trará algo que será proveitoso
para a assembleia.
2)
“É benigno” – Isso reprova a
tendência de ministrar sem considerar devidamente a situação dos santos. O amor
divino levará em conta onde os santos estão, considerando o que estão passando
(seus problemas, as tristezas, os sentimentos, etc.), e fará observações no
ministério com devida consideração. Tal bondade tocará seus corações e
receberão o ministério. Pode haver necessidade de repreensão, mas nunca para
recriminar os santos; o que poderia fazer com que não ouvissem. Ezequiel “sentei-me ali ... no meio deles” (ATB)
antes de abrir a boca para falar aos seus ouvintes (Ez 3:15). Se aqueles a quem
ministramos veem que o que dizemos vem de verdadeiro amor e preocupação por
eles, ganharemos seus ouvidos, e eles receberão o que temos a dizer. Se vier de
nossos corações, irá para seus corações (Rt 2:13; 2 Sm 19:14). O Senhor Jesus é
nosso grande exemplo. Ele ministrou na sinagoga com “palavras de graça” (Lc 4:22).
3)
“Não é rival dos outros” (JND) –
Isso repreende o desejo de igualar ou superar alguém no ministério. A carne
gostaria de superar outros em um ministério público; no entanto, a assembleia
não é uma arena para competição. O amor não faria isso. Os dons são para
complementar um ao outro em seu exercício para edificar os santos; não são
rivais um do outro. Toda essa superioridade demonstra que o amor pelos santos
não está agindo (Fl 1:15-16).
4)
“Não é insolente e áspero” (JND) –
Isso repreende a tendência de fazer comentários ofensivos no ministério.
Insolência é ser rude e insultante. Isso não tem lugar no ministério. Ser “áspero” é ser rápido para dizer algo
de uma maneira conflituosa. Talvez tenhamos de falar à consciência, mas não
precisamos ser ofensivos. Se o Espírito de Deus está nos movendo no ministério,
Ele tocará as consciências daqueles ouvintes e os levará ao convencimento.
Alguns ministram como se fosse sua responsabilidade levar pessoas ao convencimento
e, como resultado, se tornam agressivos. Mas não é nosso trabalho convencer
almas. Às vezes pensamos que, porque a consciência precisa ser alcançada, temos
a liberdade de sermos ofensivos em nossos comentários e considerarmos isso como
ser fiel. Isto não é de Deus. Não há lugar para chicotear (açoitar) os santos.
Somos lembrados que o “boi” que “escorneou” um homem ou uma mulher, deveria
ser “apedrejado” até a morte sob a
lei do Antigo Testamento (Êx 21:28–32). Um “boi”
é uma figura do servo do Senhor que tritura o milho para o seu dono (1 Co 9:9).
O apedrejamento é uma figura do julgamento (corporativo) da assembleia. Somos
responsáveis em nossa assembleia local por nossas ações no ministério. Se nos
comportarmos ofensivamente no ministério público, poderemos estar sob o
julgamento corporativo da assembleia.
5)
“Não é soberbo” – Isso repreende a
importância própria no ministério, que nada mais é que orgulho. Diótrefes amava
ter a proeminência entre seus irmãos (3 Jo 9). Podemos achar muito do nosso
ministério, mas nos colocarmos à frente não é amor. Em Romanos 12:3 (ATB), o apóstolo
adverte que não devemos pensar de nós mesmos e de nosso dom acima do que
deveríamos. O desejo de ser visto e ouvido é carne. O amor, por outro lado,
está contente com o lugar inferior.
6)
“Não se porta com indecência [inconveniência]” – Isso repreende a conduta inapropriada
nas reuniões. Uma pessoa pode ter boa intenção, mas se seu comportamento
é inadequado para quem ele é, não será um bom sinal aos olhos dos santos. Eles
provavelmente não o levarão a sério. Talvez um exemplo de comportamento
impróprio, seria um irmão mais novo tentando atuar (e ministrar) no papel de um
irmão mais velho. Ele poderia falar tudo certo, mas há algo impróprio sobre
isso. Ou talvez seja um evangelista tentando ministrar no papel de profeta ou
mestre quando não tem o dom para isso. Não estamos dizendo que um evangelista
não deveria ministrar a Palavra na assembleia, mas que não deve assumir o papel
de um mestre ou um profeta. Todo esse comportamento é impróprio.
7)
“Não busca os seus interesses” –
Isso repreende o egoísmo. A carne pensa primeiro em si e busca seus próprios
interesses. Isso ficará evidente em alguém tomando uma quantidade excessiva de
tempo nas reuniões no ministério e, assim, deixando pouco ou nenhum espaço para
os outros falarem. Ser prolixo no ministério ou ter uma intensão pessoal nele é
egoísmo. O amor não faria isso. Gostar de ouvir a própria voz, não é amor pelos
santos.
Em resumo, essas características morais
do amor são realmente uma descrição da vida e do ministério do Senhor Jesus.
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Como mencionado, as nove qualidades seguintes parecem estar mais relacionadas à como
devemos nos comportar na presença da carne manifestando–se no ministério. Essas
qualidades têm uma aplicação particular para aqueles na assembleia que estão
sob a voz do ministério. Quando certas pessoas são impacientes, indelicadas,
invejosas, competitivas, ofensivas, contendedoras, orgulhosas, inconvenientes e
egoístas (que são realmente o oposto das primeiras sete qualidades), o amor
encontrará uma maneira de lidar com isso. Tal é necessário para evitarmos
confusões que desonram a Deus nas reuniões da assembleia. Igualmente, em
Efésios 4:2 nos é dito para sermos humildes e mansos, mas quando nos deparamos
com aqueles que não o são, prossegue dizendo que devemos ser longânimes e
tolerantes diante de tais coisas.
8)
“Não se irrita” – Se ataques
maliciosos vêm de alguma pessoa hostil em seu ministério, o amor não procurará
retaliar. Salomão disse: “O entendimento
do homem retém a sua ira, e sua glória é passar sobre a transgressão” (Pv
19:11). Na presença de uma pessoa contenciosa, o amor não se deixará levar a
uma contenda de palavras em uma reunião (ou depois de uma reunião), porque tudo
isso é uma obra da carne.
9)
“Não suspeita [não imputa] mal” – Se forem feitas observações no
ministério que sejam questionáveis, o amor não se adiantará numa conclusão e
presumirá que a pessoa tem más intenções. A carne pode suportar muito pouco sem
ressentimento. É rápida em imaginar motivos malignos, mas o amor não julgará os
motivos dos outros em seu ministério.
10)
“Não folga [não se regozija] com a
injustiça” – A carne ama estar ocupada com o mal. Há em cada um de nós algo
que quer dar ouvidos para se informar dos erros dos outros. Mas não há lugar
para isso na assembleia; isso nunca tenderá para uma feliz comunhão.
11)
“Folga [se regozija] com a verdade”
– O amor sente alegria em ouvir a verdade ser apresentada – e não é ofendido se
o Senhor usa outra pessoa para fazê-lo.
12)
“Tudo suporta [sofre]” – A palavra “suporta”
pode ser traduzida como “cobre”.
Algumas versões traduzem esse versículo como “protege”. Suportar as coisas, nesse sentido, é guardar as falhas
dos outros e não as divulgar desnecessariamente. O apóstolo Pedro confirma
isto, dizendo: “Caridade [amor] cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4:8). O ponto aqui é que o
ministério na assembleia nunca deve expor falhas pessoais de alguém.
13)
“Tudo crê” – Isso não significa que
o amor é cego, mas não é suspeitoso. O apóstolo, em outro lugar, adverte sobre
o pecado de “suspeitas malignas” (1
Tm 6:4 – ARA). Em condições normais, o amor acreditará e receberá a verdade
quando for apresentada em ministério na assembleia, sem discussão nem disputa.
É triste dizer que algumas pessoas não podem receber nada sem antes relutar
contra. O amor não faz isso. Os Bereanos são um exemplo da maneira de como
devemos receber a verdade – especialmente quando conhecemos a pessoa de quem
ela vem. Eles “de bom grado receberam a
palavra” e depois foram para casa e a confirmaram nas Escrituras (At
17:11).
14)
“Tudo espera” – Isso significa que o
amor é positivo e encorajador. Se alguém ministrar na assembleia sem muita
substância, o amor encontrará algo de positivo no ministério que poderá ser
usado para edificação.
15)
“Tudo sofre [suporta]” – Se a Palavra
de Deus é ministrada à consciência no poder do Espírito, provavelmente haverá
oposição a ela. A carne se ressente do ministério que atinge a consciência e,
talvez, perseguirá aquele que o apresentar. Nesse caso, o amor suportará os
ataques em silêncio diante do Senhor (1 Pe 2:23).
16)
“Nunca falha” – Se houver oposição
ou falta de interesse na verdade que entregamos ao povo do Senhor no
ministério, o amor nunca deixará de buscar a bênção daqueles que se opõem ou
são indiferentes a ela. A carne vai tomar como pessoal e sentirá amargura com isso,
mas o amor nunca falhará em buscar o bem daqueles de convivência difícil na
assembleia.
Assim, o apóstolo mostra que o amor é
superior a todo dom e conhecimento e é verdadeiramente o “caminho mais excelente” para a vida e o ministério na assembleia.
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