domingo, 15 de julho de 2018

4) Profetizando (Ministrando) sob o Controle do Espírito (Cap. 14:26-33)


4) Profetizando (Ministrando) sob o Controle do Espírito
(Cap. 14:26-33)

Vs. 26-33 – Quando os santos estão juntos na assembleia para o ministério, deveria haver liberdade para vários tomarem parte conforme conduzidos pelo Espírito (1 Co 12:7-11). Mas existe o perigo de abusar dessa liberdade, e isso é exatamente o que os Coríntios estavam fazendo. Quando eles se reuniam para o ministério, um tinha “salmo”, um tinha “doutrina”, outro tinha “língua” etc. Todos eles queriam mostrar e contar o que possuíam e clamavam por uma oportunidade de falar. As coisas eram tão desordenadas que, muitas vezes, uma pessoa na ânsia de falar, interrompia outra que já estava falando (v. 30). Assim, eles transformaram suas reuniões em um “vale tudo”. Era uma confusão. O versículo 26 poderia ser livremente parafraseado: “Que fareis, pois, irmãos, que suas reuniões são um vale tudo?” Este versículo, portanto, não é uma recomendação, mas uma triste exposição do clamoroso apelo carnal dos Coríntios por uma oportunidade de falar.
Esse abuso da liberdade Cristã no ministério não poderia ser atribuído à maioria das comunhões Cristãs hoje em dia, onde um homem – o Pastor ou Ministro – preside o ministério. Elas não têm uma ordem de coisas que permita que os vários membros do corpo ministrem a Palavra como forem conduzidos pelo Espírito. As igrejas na Cristandade não apenas usaram mal a ordem de Deus – elas a deixaram completamente de lado!
Para corrigir o problema em Corinto, Paulo disse-lhes que, embora todos pudessem ter algo a dizer, isso não significaria que todos devessem necessariamente falar. Eles devem esperar a condução do Espírito de Deus. O Espírito não é mencionado diretamente na passagem, mas Sua presença e obra estão implícitas no uso da palavra “permita que”[1] (JND) que ocorre 12 vezes nestes poucos versículos.
Quando o “permita que” é usado em várias exortações do Novo Testamento, refere-se à necessidade de os santos saírem do caminho, por assim dizer, e permitir que o Espírito de Deus conduza a nova vida neles em qualquer direção que Ele escolha.
Alguns pensam que a liberdade do Espírito no ministério é liberdade para os santos falarem nas reuniões em oposição a ter-se um ministério de um só homem. No entanto, a condução do Espírito não é a liberdade dos santos de falar como quiserem na assembleia, mas a liberdade do Espírito para conduzir quem Ele quiser! Assim, não devemos falar a menos que sejamos conduzidos pelo Espírito a fazê-lo. O problema na assembleia dos Coríntios é que haviam transformado a liberdade Cristã dada por Deus no ministério, numa liberdade para a carne.
Alguns pensam que se todo irmão presente na assembleia falar na reunião de leitura da Bíblia, significa que o Espírito de Deus teve verdadeira liberdade. Isso também é um mal-entendido. Essa falsa ideia é às vezes chamada de “ministério de todo homem”. No Cristianismo, todos são sacerdotes, mas nem todos necessariamente são capazes de ministrar edificação aos santos pela Palavra. Tal ideia chamada de “ministério de todo homem”, em essência, nega que o Senhor tenha dado uma variedade de dons. As escrituras indicam que nem todos os dons são para o ministério público da Palavra. Alguns deles são para ensinar, pregar, exortar e profetizar, mas outros como pastorear, ajudar, dar, governar e mostrar misericórdia, etc., são de natureza mais privada (Ef 4:11; 1 Co 12:28; Rm 12:8). Insistir que todos os santos devem ministrar a Palavra publicamente nas reuniões é colocar aqueles que podem não ter dom para isso, numa situação onde poderiam se constranger, e não edificar a assembleia.
Esses versículos não encorajam o “ministério de todo homem” na assembleia; nem ensinam que “o ministério de um só homem” seja a vontade de Deus. Como mencionado, a liberdade do Espírito estava sendo abusada em Corinto no uso indevido de línguas. A resposta de Paulo é esperar na condução do Espírito, que se evidenciaria nos irmãos falando “e por sua vez [separadamente] – isto é, um de cada vez (v. 27). Amar e cuidar da assembleia, como mencionado no capítulo 13, faria com que aqueles que falassem tivessem um intérprete, caso contrário, deveriam “estar calados” (v. 28). Esta correção condena a prática do assim-chamado “movimento de línguas” de hoje em dia, onde a maioria da congregação fala em um balbuciar ininteligível, que imaginam ser o dom de línguas. Eles balbuciam todos ao mesmo tempo, o que a passagem condena (v. 27). Além disso, uma grande porcentagem desses que balbuciam são mulheres, o que essa passagem também condena (vs. 29, 34).
Quando se trata de profetizar, precisamos ser conduzidos pelo Espírito (v. 29). A ordem divina na assembleia é tal que se o Senhor der algo “a outro, que estiver assentado”, então este deve esperar até que o primeiro “cale-se” (v. 30). Isso impediria que os irmãos se interrompessem uns aos outros. Além disso, o apóstolo diz que a profecia deve ser limitada a “dois ou três” no máximo, porque os santos só podem receber um tanto de cada vez.
Se uma pessoa é estimulada pela carne, e se apressa e toma tempo com palavras sem proveito que não edificam os santos, isso deveria ser interrompido pelo julgamento dos “outros” (v. 29). Esta é uma referência à autoridade administrativa na assembleia tendo o compromisso de calar uma pessoa pela disciplina do “silenciamento”. Se uma pessoa pensa que o que tem a dizer é proveitoso e edificante, e insiste em falar, mas tem pouco ou nenhuma substância e clareza, a assembleia deve intervir e exercer esse tipo de disciplina divina, pedindo que o irmão fique em silêncio nas reuniões. Uma assembleia bíblica é responsável por “julgar” o ministério em seu meio.
Como mencionado, a assembleia não é uma plataforma para a carne. Paulo acrescenta no versículo 32 que “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”. Isso significa que a pessoa deve saber como exercer o controle próprio e abster-se de falar em tais ocasiões. Às vezes, ouviremos um irmão dizer: “Não pude evitar; eu tinha que dizer isso e aquilo...”. O que ele está realmente dizendo é que não é capaz de controlar seu próprio espírito (Pv 25:28).


[1] N. do T.: Nas versões inglesas KJV e JND é incluído o verbo “let” (permita). A seguir há uma sugestão de onde ele se encontraria, numa versão livre dos versículos de 1 Coríntios 14:26-30: “Que farei, pois, irmãos? Quando vos congregais, cada um tem salmo, tem ensino, tem revelação, tem língua, tem interpretação; [permita] que tudo se faça para edificação. Se alguém falar em língua, [permita que] não falem senão dois ou, quando muito, três, e cada um por sua vez; [permita que] haja um que interprete; mas se não houver intérprete, [permita que] esteja calado na igreja, e [permita que] fale consigo e com Deus. [Permita que] falem os profetas, dois ou três, e [permita que] os outros julguem; se for dada alguma revelação a outrem que estiver sentado, [permita que] cale-se o primeiro.”

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