2) Profetizando (Ministrando) com Substância
(Cap. 14:2-6)
Vs. 2-4 – A próxima coisa que deve
governar o exercício dos dons na assembleia é que aqueles que ouvem devem ser
edificados por meio do que é ministrado. Uma pessoa pode estar cheia de amor
por seus irmãos, desejando o bem e a bênção deles, mas ao que ela tem a dizer,
falta substância e, portanto, não é proveitoso. Infelizmente, era exatamente
isso que estava acontecendo em Corinto. Havia aqueles que estavam falando na
assembleia com o dom de “línguas” (o
poder de se comunicar em uma língua estrangeira compreensível – v. 11; At
2:6-8), mas não tinham um intérprete. Consequentemente, ninguém sabia o que
estava sendo dito – “porque ninguém o
entende” (v. 2). O resultado foi que não houve proveito para a assembleia.
Uma pessoa que fala na assembleia com “línguas” sem um intérprete não está
falando aos homens, “senão a Deus”,
pois somente Deus entende essa língua estrangeira. Por exemplo, se alguém se
levantasse e falasse em língua Letã (da Letônia), mas não houvesse ninguém na
assembleia que conhecesse o Letão, só Deus saberia o que estaria sendo dito,
mesmo que a pessoa estivesse comunicando alguma verdade valiosa. Ele pode estar
expondo os “mistérios” de Deus – as
verdades Cristãs não reveladas que estavam “ocultas
em Deus” antes que o Novo Testamento fosse completado (Rm 16:25-26; 1 Co
4:1; Ef 3:4-6; Cl 1:25-27; 1 Tm 3:9), mas ninguém na assembleia tiraria
proveito disso.
Neste capítulo, Paulo não condena o uso de “línguas”, mas sim o abuso
delas (vs. 5, 18-19, 39). Seu objetivo era fazer com que os santos usassem esse
dom nas reuniões apenas quando fosse para edificação. Isso exigiria um
intérprete. O princípio no qual o apóstolo está insistindo aqui é monumental.
Em qualquer dom que possamos nos exercitar na assembleia, devemos estar certos
de não ocupar o tempo com coisas que tenham pouca ou nenhuma substância para os
irmãos. Isso exigirá discernimento porque todos gostam de pensar que têm algo
proveitoso.
No caso dos Coríntios, foi o uso
indevido do dom de “línguas”, mas,
independentemente de qual dom possa ser o princípio que o apóstolo dá aqui é
amplo o suficiente para ser aplicado a todos os dons. Todo dom espiritual pode ser
mal utilizado. Alguém pode tomar parte numa reunião de uma forma que tenha
pouco ou nenhum proveito espiritual para a assembleia. Paulo continua falando
do propósito triplo da profecia do versículo 4.
- “Edificação” – edificando os santos na santíssima fé (Jd. 20). Se os santos são deficientes em algum ponto da doutrina na fé Cristã, este tipo de ministério vai atender esta necessidade. Isto é para nosso entendimento.
- “Exortação” – despertando os santos em algum aspecto da prática Cristã. Se os santos estão deficientes em alguma área prática das suas vidas, isto atenderá esta necessidade (Ag 1:13-14). Isto é para nossas consciências.
- “Consolação” – animando os santos. Este é ministério que encoraja os santos a continuarem no caminho da fé. Isto é para os nossos corações (Rt 2:13 – JND).
Essas três coisas são vistas em Atos
14:22. As escrituras dizem: “Confirmando
[estabelecendo] os ânimos dos discípulos, exortando-os a
permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino
de Deus”. Estabelecê-los é o efeito de “edificação”.
Exortando-os é, naturalmente, “exortação”.
E encorajá-los a respeito das tribulações pelas quais estavam passando é “consolação”. Podemos ver a partir disso
que a profecia tem uma ampla aplicação em atender as necessidades espirituais
dos santos.
Os versículos 2 e 4a não estão falando
de alguém que usa o dom de línguas para melhorar seu relacionamento espiritual
com Deus. Esse dom não foi dado para fins devocionais, mas sim para fins de
depoimento (v. 22). Na verdade, nenhum dom espiritual é para uso pessoal do
indivíduo, mas para “o proveito de
todos”– os outros membros do corpo (1 Co 12:7 – KJV). O apóstolo usa a
palavra “edifica” em um sentido
negativo no versículo 4a, quando diz: “O
que fala língua estranha
edifica–se a si mesmo”. Edificar, como dissemos, significa construir. Mas,
no caso deles, usavam o dom apenas para edificá-los em um espetáculo carnal, em
vez de ministrar para o bem e bênção da assembleia.
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