segunda-feira, 16 de julho de 2018

Saudações Finais (Cap. 16:19-24)


Saudações Finais
(Cap. 16:19-24)

Vs. 19-24 – Várias saudações de várias assembleias e indivíduos são dadas pelo apóstolo quando ele encerra a epístola. Paulo queria que os Coríntios soubessem que, embora houvesse -coisas sérias em sua assembleia que precisassem ser corrigidas, as outras assembleias ainda estavam em comunhão com eles e os saudavam. Isso foi para confirmar aos Coríntios que as assembleias de outras partes não os haviam abandonado. Se eles se recusassem a corrigir aquelas coisas, ações teriam de ser tomadas por meio das quais eles seriam repudiados como uma assembleia, mas até então ainda estavam em comunhão. Este é um princípio importante. A presença do pecado em uma assembleia não faz com que ela deixe automaticamente de ser uma assembleia reunida ao nome do Senhor (Mt 18:20). É só depois de muita paciência e admoestação a tal assembleia, que prova estar abrigando mal em seu meio em obstinação, que uma ação deve ser feita para limpar o nome do Senhor. Outra assembleia que está moralmente mais próxima do problema– no sentido de ter tido alguma interação anterior com eles em relação ao problema em questão – deve agir em nome das assembleias em geral para rejeitar a assembleia em falta. Eles podem não ser a assembleia geograficamente mais próxima, mas estão moralmente mais próximos do problema.
Paulo encerra com uma advertência solene a qualquer um deles que pudesse não ser salvo. Ele diz: “Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema; Maranata” (v. 22). “Anátema Maranata” significa ser maldito quando o Senhor vier. Ele mencionou em vários lugares da epístola que havia uma forte probabilidade de que houvesse alguns dentre eles que eram meros professantes. Todo verdadeiro crente “amará” o Senhor Jesus Cristo. Eles provam seu amor a Ele guardando Seus mandamentos (Jo 14:15; 1 Co 14:37). Aqueles que não andam em obediência provam que são falsos, e Paulo adverte que sem dúvida julgamento estava esperando por eles.
A “graça” do Senhor Jesus Cristo e o “amor” do apóstolo são recomendados aos Coríntios como o motivo final para forçá-los a agir lidando com as várias coisas que precisavam ser tratadas em relação às desordens em sua assembleia (vs. 23-24).

Serviço Sob o Senhorio de Cristo (Cap. 16:10-18)

Serviço Sob o Senhorio de Cristo
(Cap. 16:10-18)

Vs. 10-18 – Em toda esta passagem de encerramento, vemos uma bela imagem dos vários servos do Senhor trabalhando em Sua vinha. Alguns viajavam de um lugar para outro ministrando ao povo do Senhor – como “Paulo”, “Timóteo” e “Apolo”. Outros serviam localmente, como “Estéfanas”, “Fortunato” e “Acaico”. Eles são todos encontrados trabalhando sob o senhorio de Cristo e sendo dirigidos por Ele em seu trabalho. Não há nenhuma menção deles se reportando a um conselho missionário que os enviaria para seu local de trabalho designado, como geralmente é feito hoje. Tal é uma ideia feita pelo homem que interfere com as responsabilidades imediatas dos servos sob o senhorio de Cristo.
Este capítulo mostra que quando Cristo dá dons (Ef 4:11) os homens são diretamente responsáveis para com Ele em seu ministério. A Cabeça da Igreja está no céu, e dirigirá os membros de Seu corpo em sua esfera do ministério, se olharem para Ele. Descobrimos que nos primeiros dias do Cristianismo a obra do Senhor não foi realizada sob uma organização de homens – nem mesmo dos apóstolos. Isso foi, e ainda é apenas obra do Espírito de Deus. O que o Espírito então fez, podemos contar com Ele para fazer agora. As escrituras dizem: “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a Sua seara.” (Mt 9:38). E novamente: “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai–Me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia” (At 13:2-4).
Essas referências indicam que os servos do Senhor devem estar livres para agir sob Sua direção imediata. As Escrituras não dizem nada sobre servos do Senhor sendo controlados por uma organização terrena de homens, mas pelo Senhor por meio do Espírito Santo. O Senhor, pelo Espírito, enviou Paulo e Barnabé para o campo, e não há menção deles reportando-se a um conselho para direção e apoio nesse serviço. Nem há qualquer menção dos servos do Senhor naquela época frequentando um seminário antes de ministrarem. A posse de um dom para ministrar a Palavra era a autorização deles para usarem esse dom (1 Pe 4:10-11). Deveria ser o mesmo hoje.
A Igreja deveria reconhecer um dom como sendo enviado pelo Senhor e deveria dar à pessoa “as destras em comunhão” nessa obra que faz, como foi o caso em Antioquia a respeito de Barnabé e Saulo (At 13:3; Gl 2:9). Pode ser um dom prático ou apoio financeiro. Mas a Igreja ou qualquer organização paraeclesiástica envolvida no trabalho de enviar servos está realmente interferindo na responsabilidade imediata do servo de agir sob a direção do Senhor. Eles tendem a se tornar servos dessa organização para cumprir seus objetivos e respondem a ela em seu ministério.
Não vemos nada disso nesta passagem ou em qualquer passagem nas Escrituras. Anteriormente na epístola, Paulo disse que encorajaria Timóteo a ir a Corinto e lembrar-lhes de seus caminhos em Cristo, e os exortou quanto à sua responsabilidade de colocar as coisas em ordem (1 Co 4:17). Este era um belo desejo de Paulo, mas era o máximo que podia dizer. Nenhum apóstolo tinha autoridade sobre outro servo para mandá-lo para um trabalho se não se sentisse conduzido a fazê-lo. Eles poderiam recomendar e encorajar alguém nessa direção, mas, em última instância, a pessoa tem de se sentir guiada pelo Senhor. Ele diz aqui: “E, se for Timóteo...” (v. 10). Isso mostra que, embora o apóstolo desejasse que Timóteo fosse a Corinto, entendia que ele tinha de ser dirigido pelo Senhor nisso. Havia uma possibilidade de que Timóteo não se sentisse conduzido a ir.
Paulo exortou os Coríntios que “se” ele fosse, que o deixassem estar entre eles “sem temor”. Timóteo era um jovem trabalhador tímido e precisavam dar-lhe espaço para exercitar seu dom no ministério. Com a confusão acontecendo em suas reuniões (1 Co 14:26), alguém como Timóteo nunca seria capaz de trazer uma palavra. Então Paulo disse: “Portanto, ninguém o despreze” (v. 11). Timóteo não apenas fez “a obra do Senhor”, mas a fez da mesma maneira e espírito “como” o apóstolo Paulo. Esta foi uma alta recomendação.
Vemos aqui que “Apolo” não estava sob a direção apostólica (v. 12). Paulo disse que “desejou grandemente” (KJV) que Apolo fosse a Corinto, mas ele tinha outros lugares em seu coração. Apolo recorreu ao Senhor e sentiu-se direcionado a não ir naquele momento. O apóstolo, tendo expressado seu desejo, respeita suas convicções e deixa o servo do Senhor livre para agir diante de seu Mestre.
Poderíamos nos perguntar se Paulo não iria a Corinto por causa dos problemas e por que ele incentivava outros servos a irem? A razão, acreditamos, é que ele era um apóstolo e seria forçado a agir em juízo entre eles. Portando essa responsabilidade, desejava que os outros fossem e procurassem trazê-los ao arrependimento, de modo que quando ele fosse, ele não teria de agir em julgamento.
Os versículos 13-14 indicam que a assembleia em Corinto não dependia da vinda dos servos do Senhor para corrigirem as coisas; eles eram diretamente responsáveis perante o Senhor para colocar as coisas em ordem. Cinco pequenas exortações se seguem. Todas visavam incitar os Coríntios a agirem em relação à necessidade de corrigir as desordens em sua assembleia. Ele diz: “Vigiai, estai firmes na fé: portai-vos varonilmente, e fortalecei–vos. Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade [amor].
Vemos no caso de “Estéfanas”, “Fortunato” e “Acaico”, que também estavam fazendo a obra do Senhor. Mas foi principalmente em um sentido local. “A família [casa] de Estéfanas” é colocada diante de nós como modelo de liderança na assembleia. Eles se destacaram por cuidar do rebanho. Eles tinham “se dedicado [devotado] ao ministério [serviço] dos santos” (v. 15). Esta é uma bela recomendação. Nós não lemos que Paulo tivesse nomeado anciãos naquela assembleia (talvez por causa da carnalidade deles), mas mesmo que não houvesse ninguém naquele lugar oficialmente, o trabalho de supervisão continuou.
Este é um exemplo para nós hoje, já que não temos nenhum apóstolo para indicar os anciãos em nossas assembleias. O Espírito de Deus ainda pode levantar aqueles que vão liderar e cuidar do rebanho, e, o trabalho de supervisão ainda pode continuar (At 20:28). Simplesmente é que não temos nenhum poder apostólico para designá-los oficialmente para esse lugar. Os Coríntios deviam se “sujeitar” aos tais (v. 16) e “reconhecê-los” naquela posição (v. 18). Compare também Hebreus 13:17 e 1 Tessalonicenses 5:11-12.
Descobrimos que, como era o caso com os outros servos do Senhor, “Estéfanas”, “Fortunato” e “Acaico” não estavam sob nenhuma direção apostólica. Eles tinham ido ao apóstolo por sua própria vontade, como guiados pelo Senhor, e supriram coisas que estavam “faltando” por parte da assembleia dos Coríntios (v. 17). Esta é uma referência à comunhão prática deles com o apóstolo que a assembleia, como um todo, não exercitava. Diante dessa falta, esses três irmãos proviam de seus próprios bolsos. 

A Visita Planejada de Paulo a Corinto foi Adiada (Cap. 16:5-9)


A Visita Planejada de Paulo a Corinto foi Adiada
(Cap. 16:5-9)

Vs. 5-9 – Paulo fala sobre seus planos de visitar as assembleias na “Macedônia” e de ir ter com eles em Corinto, mas por enquanto ficaria em “Éfeso” porque ali havia uma porta aberta no evangelho (vs. 8-9). Isso mostra que não é errado para o servo do Senhor ter um itinerário ao servi-Lo.
O versículo 6 indica que, embora o servo possa ter planos definidos em suas viagens, também deve ser flexível nesses planos. Ele disse que gostaria de ir a Corinto se o Senhor permitisse (vs. 5-6), mas, por enquanto, havia adiado a viagem (v. 7). Se tivesse ido a Corinto, teria que usar sua autoridade apostólica como uma vara de correção e julgar muitos deles que estavam em falha. Em vez disso, esperou e procurou arrependimento neles e a correção das desordens na assembleia. Ele apareceu dizendo diretamente essas coisas, porque isso poderia ter-lhes dado uma razão errada para corrigir as coisas. Portanto, sabiamente desistiu e esperou que o Espírito de Deus agisse neles, produzindo os frutos necessários do arrependimento. Mais tarde, quando corrigiram as desordens no meio deles, ele escreveu a segunda epístola e estava livre para lhes dizer por que não foi naquele momento. Era para “poupá-los” (2 Co 1:23). Ele teria que ter usado seu poder apostólico de maneira disciplinar (1 Co 4:21 – “uma vara”).

EXORTAÇÕES PRÁTICAS DE ENCERRAMENTO (Cap. 16:5-24)


EXORTAÇÕES PRÁTICAS DE ENCERRAMENTO
(Cap. 16:5-24)

Antes de encerrar a epístola, o apóstolo dá aos Coríntios algumas exortações práticas que esperava que os encorajassem a fazer a vontade de Deus e as coisas que exortou na epístola.

domingo, 15 de julho de 2018

10) FALHA EM RELAÇÃO ÀS COLETAS (Cap. 16:1-4)


10) FALHA EM RELAÇÃO ÀS COLETAS
(Cap. 16:1-4)

Vs. 1-4 – O apóstolo trata de mais uma coisa que precisava ser colocada em ordem em Corinto – “a coleta”. O que estava prestes a lhes dizer em relação à coleta não era algo específico apenas para eles. Ele havia dito o mesmo “as igrejas da Galácia”.
As coletas dos santos devem ser usadas para as necessidades do povo do Senhor. Pode ser para Seus servos dos quais recebemos ajuda espiritual (Gl 6:6), ou para necessidades especiais dos pobres do rebanho (2 Co 8-9). Nesta ocasião Paulo não estava falando de uma coleta para aqueles que ministravam a Palavra, mas para “os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém” (Rm 15:25-26). Vemos a sabedoria do apóstolo Paulo aqui ao ter esperado que esta situação surgisse antes de dirigir-se aos santos sobre este assunto. Se fosse para os cooperadores, teria parecido afinal que Paulo realmente queria uma oferta dos Coríntios. Mas essa não era sua intenção (2 Cor 12:17). Assim, prudentemente esperou por esse momento, quando houvesse necessidade para outros. Então falaria sobre a coleta e a distribuição dela.
Os santos em Jerusalém eram pobres por várias razões. Sua fé no Senhor Jesus os havia levado a uma severa “perseguição” (At 8:1), e muitos deles tiveram suas posses terrenas confiscadas (Hb 10:34). Alguns deles foram mortos e, portanto, deixaram para trás viúvas e órfãos que precisavam de apoio. Havia também uma “grande fome” nessa área, e isso pressionava os santos além da medida (At 11:28-30). O que piorou as coisas foi que os santos em Jerusalém, em seu zelo pelo Senhor, haviam vendido seus bens e suas terras e casas (At 2:44-45, 4:34-35). Quando o problema surgiu, ampliou o problema deles, pois não tinham para onde ir para comer e se abrigar.
Nosso Todo-sábio Deus teve Suas boas razões ao permitir surgir necessidade em Jerusalém e na Judéia. Tornou-se uma ocasião para os Cristãos Gentios terem comunhão com os crentes Judeus, unindo-os de uma maneira muito prática. Os santos Judeus podem ter tido ideia de não precisarem dos crentes Gentios, ou que os Gentios estavam em uma classe abaixo deles, mas esta oferta dos crentes Gentios para os pobres santos Judeus em Jerusalém ajudou a dissipar isso. Isso fez com que os crentes Judeus elevassem seus corações em agradecimento e apreciação genuína por seus irmãos Gentios (2 Co 9:11-13). Se houvesse alguma reserva em relação aos Gentios convertidos antes desta provação, essa expressão de amor e companheirismo a dissipou.
Paulo lhes disse que deveriam ter cuidado em ter uma coleta regular “no primeiro dia da semana”. Este era o dia em que os santos se reuniam universalmente para partir o pão (At 20:7). Hebreus 13:15-16 conecta esse tipo de oferta com “sacrifício de louvor a Deus” (KJV). Ambos são uma função sacerdotal. De fato, ambos são considerados um “sacrifício” a Deus. Todas essas ofertas monetárias são dadas ao Senhor como parte de nossa adoração. Uma vez que esta passagem em 1 Coríntios 16 corresponde com Atos 20:7, quando os santos estivessem reunidos para partir o pão, é justo supor que ambas as ofertas a Deus seriam dadas ao mesmo tempo na festa da lembrança.
Paulo disse que “cada um de vós” em comunhão deveria ofertar. Alguns erroneamente pensaram que o marido, que é o cabeça da casa (e aquele que geralmente traz o dinheiro para a casa), deveria dar em nome de sua casa. Portanto, não haveria necessidade de a esposa também contribuir.
Isto é o que foi feito no Judaísmo (Nm 7:2), e era certo e apropriado para os Judeus em uma religião natural. No entanto, o Cristianismo é um contraste direto com o Judaísmo, e não nos aproximamos de Deus naquele terreno hoje em dia (Jo 4:21-24). Praticar tal coisa no Cristianismo é confundir relacionamentos naturais com os novos relacionamentos espirituais para os quais fomos trazidos. No Cristianismo, não adoramos a Deus como membros de uma família, mas como membros do corpo de Cristo (1 Co 10:17). A esposa é um membro do corpo de Cristo tanto quanto seu marido e deve participar desse aspecto da adoração. Essa ideia equivocada pode ter sido emprestada inadvertidamente do denominacionalismo Cristão. Tais organizações se aproximam de Deus no que eles chamam de “Adoração em Família”, mas é mal entendimento da verdadeira adoração Cristã. Uma vez que ambos, irmãos e irmãs, são sacerdotes, nenhum deles deve ser impedido nesta função sacerdotal (Hb 13:15-16). Ser casado não deve impedir uma irmã desse privilégio. Ela ainda continua sacerdotisa depois de casada.
As dádivas deveriam ser guardadas até que alguém que estivesse viajando para Jerusalém pudesse levar-lhes a oferta. Note que tudo que tem a ver com o manuseio do dinheiro do Senhor deve ser feito acima de qualquer suspeita. Uma vez que conheciam melhor o caráter dos que estavam naquela assembleia, Paulo disse que deveriam escolher “quem quer que” (JND) achassem melhor para levar as dádivas (v. 3; 2 Co 8:19). Desta forma, estariam “zelando do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens” (2 Co 8:21).

O MOMENTO da Ressurreição (Cap. 15:51-58)


O MOMENTO da Ressurreição
(Cap. 15:51-58)

Vs. 51-58 – Ele prossegue para nos dizer sobre o “mistério” da ressurreição e glorificação dos santos. Ele diz: “Nem todos dormiremos”, o que significa que nem todos os santos morrerão e, portanto, não precisarão de ressurreição. Mas nos assegura que todos seremos transformados” para esse estado glorificado.
Ele identifica duas classes de santos que estão atualmente em dois estados diferentes: aqueles que morreram e aqueles que estão vivos na Terra. Um é o “corruptível” e o outro é o “mortal”. O “corruptível” refere-se aos corpos dos santos que morreram. Seus corpos estão se decompondo na sepultura, mas “num momento, num abrir e fechar de olhos”, o “corruptível” se revestirá de “incorruptibilidade”. O “mortal” refere-se aos corpos dos santos que ainda estão vivos. Naquele mesmo momento, o “mortal” se revestirá de “imortalidade”. Isso mostra que somente aqueles cujos corpos estão em estado de corrupção (os mortos em Cristo) experimentam a ressurreição. Os santos vivos não precisam de ressurreição, mas precisam ser “transformados” para seu estado glorificado.
Ao contrário do que muitos pensam essa passagem não fala do arrebatamento. É verdade que a glorificação dos santos e o arrebatamento acontecem ao mesmo tempo – “Num momento, num abrir e fechar de olhos” – mas o chamado dos santos para o céu não é mencionado aqui. A palavra “arrebatamento” significa arrancar ou raptar. Isto é o que acontecerá aos santos na vinda do Senhor. Esta passagem, no entanto, não chega a falar dos santos sendo levados para o céu, mas se concentra apenas na mudança de seus corpos. Trata estritamente de sua mudança ao seu estado glorificado. A menção da “última trombeta” sincroniza esta passagem com 1 Tessalonicenses 4:15-17, que fala do arrebatamento dos santos para o céu, por isso sabemos que isso acontece neste momento. É o “último” evento na Terra em relação aos tratamentos atuais de Deus com os homens no dia da graça.
Os versículos 55-56 nos dizem que na própria cena em que a morte reinou (neste mundo) haverá uma vitória triunfante, e a exclamação será feita: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó Hades (JND), a tua vitória?” É uma dupla “vitória”. A “morte” que reivindicou o corpo, e o “Hades” (JND) que segurou os espíritos desencarnados dos santos, sucumbirão à vitória de Cristo.

Três Fases da Vitória sobre a Morte

A remoção completa e final da morte na criação ocorre em três fases:
Primeiramente, para o crente, a morte é “anulada” agora pela ressurreição de Cristo (2 Tm 1:10 – JND). Isto é, o terrível fator da morte foi retirado. Visto que Cristo desceu ao “pó da morte” e a anulou (Sl 22:15), resta apenas sua “sombra” para os filhos de Deus passarem (Sl 23:4). Antes da morte e ressurreição de Cristo, Satanás exerceu “o poder da morte” sobre as consciências dos homens, fazendo-os temer o que está além dela. Ele usou “o rei dos terrores”, que é o medo da morte, para sua vantagem, mantendo os homens em cativeiro e medo (Jó 18:14). Mas Cristo entrou na morte e roubou do diabo seu poder para aterrorizar o crente com a morte. No outro lado da morte, o Senhor agora está com as “chaves da morte e do Hades” (ATB) em Suas mãos, e Ele está dizendo: “mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do Hades” (Ap 1:18 – ATB). Ele conquistou a morte tendo soltado suas “ânsias” (At 2:24). As ânsias são medos em conexão com o que está além da morte. Desde que Cristo soltou as ânsias da morte, o crente iluminado que a enfrenta não precisa temer.
Em segundo lugar, na vinda do Senhor, Ele efetuará uma grande “vitória” sobre a morte e o Hades. Os corpos dos santos vivos serão “transformados” para um estado glorificado, onde não serão mais afetados pela morte (Fp 3:21). Os santos que terão morrido serão ressuscitados e glorificados, e “transformados” para um estado glorificado. Assim, também não estarão mais sujeitos à morte.
Em terceiro lugar, após o milênio, o Senhor destruirá a morte completamente, lançando “a morte e o Hades” (JND) no “lago de fogo” (Ap 20:14; 1 Co 15:26).
Portanto, houve uma anulação da morte agora, mas haverá uma grande vitória sobre a morte na vinda do Senhor (no que diz respeito aos santos); e depois do Milênio, haverá a completa destruição da morte.
Esses fatos concernentes à vitória de Cristo sobre a morte levaram o apóstolo a falar de dois efeitos práticos que devem resultar em todo Cristão de mente correta. A primeira é dar graças (v. 57) e a segunda é a energia em servir ao Senhor (v. 58).
Que tremendo poder a ressurreição tem em nossas vidas praticamente, e que maravilhosa esperança ela dá. Cristo está vivo por meio da ressurreição e Ele nos ressuscitará para viver com Ele (1 Ts 5:10). Que maior incentivo, que maior motivo poderíamos ter para viver e servi–Lo?

A MANEIRA da Ressurreição (Cap. 15:42-50)


A MANEIRA da Ressurreição
(Cap. 15:42-50)

Vs. 42-50 – Paulo fala então da realidade da ressurreição do corpo humano, dizendo: “Assim também a ressurreição dos mortos” (v. 42). Se Deus pode fazer isso de várias maneiras na criação, Ele também pode fazê-lo com o corpo humano.
Ele prossegue a nos dizer da maneira como isso acontecerá. Paulo mostra que, na ressurreição, os santos não recebem um “novo” corpo, como dizem alguns, mas uma “transformação” milagrosa ocorre no mesmo corpo em que eles viviam (Fl 3:21). Para enfatizar isso, ele diz: “Ele – exatamente o mesmo corpo que morreu – é ressuscitado…” (JND) (mencionado quatro vezes nos vs. 42-44). Isso é importante, porque dizer que os santos recebem novos corpos realmente nega a ressurreição dos corpos em que eles viveram. Se eles adquirem novos corpos, então, seus corpos antigos, afinal, não ressuscitam dos mortos! Para guardar-se contra isso, as Escrituras são cuidadosas em nunca dizer que os corpos da ressurreição dos santos são “novos” nesse sentido. Quando se fala em ressurreição, sempre diz: “transformado” (1 Co 15:51-52; Fl 3:21; Jó 14:14). Isso define o que acontece no momento da ressurreição com mais precisão. Esse velho corpo será ressuscitado, transformado e glorificado, tudo “Num momento, num abrir e fechar [piscar – JND] de olhos, ante a última trombeta” (1 Co 15:52).
Ele dá quatro descrições de morte e sepultamento e, em seguida, quatro descrições correspondentes da ressurreição e do estado glorificado do corpo humano.
1) “Corrupção”“incorrupção” (v. 42). Isso tem a ver com a condição.
2) “Desonra” (JND) – “glória” (v. 43). Isso tem a ver com a aparência.
3) “Fraqueza”“vigor” (v. 43). Isso tem a ver com capacidade.
4) “Natural” (JND) – “espiritual” (v. 44). Isso tem a ver com o caráter.

Não devemos confundir o que é natural com o que é pecaminoso. Do “primeiro homem” (v. 45) nunca é dito ser pecador, enquanto o “velho homem” é nada senão pecado (Rm 6:6; Ef 4:22). Quando Cristo veio a este mundo, Ele Se tornou o “segundo Homem”, mas não foi até que Ele ressuscitasse dentre os mortos que Se tornou o “último Adão”. Como o “segundo Homem” Ele exibiu uma nova ordem de humanidade em perfeição moral na Sua vida aqui. Na ressurreição, como o “último Adão”, nada O sobrepujará e à Sua nova raça da criação sob Ele. Não haverá outra cabeça nem outra raça de homens depois. Esta nova raça de criação dos homens é a última raça de homens que Deus fará. É uma raça perfeita que não pode ser tocada com pecado, nem pode ser melhorada, e assim, não haverá necessidade de qualquer outra raça para substituí-la.
Alguns contrastes nos são dados para ajudar a entender a vasta diferença entre as duas raças de homens sob Adão e sob Cristo.
  • Adão foi “feito”.
  • Cristo não foi feito [a palavra está em itálico e não deve estar no texto – KJV[1]
  • Adão era uma alma (natural).
  • Cristo é “um espírito vivificante” (espiritual).
  • Adão era uma criatura.
  • Cristo é o Criador.

Como “um espírito vivificante”, o Senhor como o último Adão soprou sobre os discípulos e, assim, simbolicamente os ligou a Ele sob Sua liderança nesta raça da nova criação de homens (Jo 20:22). Agora, para todos os que creem no Senhor Jesus Cristo, são feitos parte dessa raça e são novas criaturas em Cristo em virtude do novo nascimento e da habitação do Espírito Santo (2 Co 5:17). Haverá plena conformidade de todos os membros desta raça com a Cabeça – Cristo – embora ainda não seja vista. Eles têm agora a nova vida que pertence a essa nova ordem de criação, mas em breve “traremos também a imagem do celestial” (v. 49) no sentido de que todos serão fisicamente glorificados como Cristo em Sua vinda (1 Jo 3:2). A nova ordem da humanidade trazida por Cristo em ressurreição é:
V. 47 – celestial na origem.
V. 48 – celestial em caráter.
V. 49 – celestial no destino.
Quando glorificados, os santos não terão suas doenças e velhice, etc. Eles estarão no “orvalho” de sua “mocidade” como Cristo, que estará no “orvalho” de Sua “mocidade” (Compare com o Salmo 110:3 com Filipenses 3:21). Suas naturezas pecaminosas caídas serão erradicadas para sempre, e não pecarão mais (Hb 11:40, 12:23 – “aperfeiçoados [feitos perfeitos – JND]).
Os frágeis corpos de humilhação que temos agora “não podem herdar o reino de Deus” em sua condição atual; eles exigirão uma mudança. Isso leva o apóstolo a nos dizer como e quando obteremos esses corpos espirituais e incorruptíveis.



[1]  N. do T.: Nem subentendida como na ARC e ATB.

4) Ressurreição Atestada na Criação


4) Ressurreição Atestada na Criação
(Cap. 15:35-41)

Vs. 35-41 – O apóstolo se volta para dar outra evidência da ressurreição – a própria criação. Ele trata com as objeções racionalistas daqueles que negaram a ressurreição, apontando para a natureza (v. 35). Os racionalistas tentam explorar o fato de que os crentes não podem realmente explicar a ressurreição. Mas ele diz que é uma posição tola de se tomar (“insensato”) porque nem eles podem explicar muitas coisas na criação de Deus.
Paulo fala de três semelhanças na criação que mostram que Deus é capaz de fazer corpos de ressurreição.

1) “Grão” – o método criador de Deus de germinar sementes reflete a ressurreição (vs. 36-37). A semente que é plantada no solo morre, mas dela brota a vida de uma nova planta (Jo 12:24). Deus faz um novo corpo com isso (v. 38).

2) “Carne” – o método criador de Deus nas menores criações reflete seu poder de transformar corpos em novas formas. Muitas criaturas começam em uma forma particular, mas com o tempo, Deus lhes dá um corpo diferente. Tome a borboleta, por exemplo; a lagarta entra em seu casulo e permanece em um estado dormente por um tempo e então surge de uma forma completamente diferente (v. 39).

3) “Corpos celestes” e “terrestres” – vemos a obra de Deus na criação inanimada. Os corpos “terrestres” são as montanhas e colinas, etc., que permeiam a paisagem. Muitos destes já foram de uma forma diferente, mas por meio de atividade vulcânica sua forma foi alterada inteiramente. Os corpos “celestes” são o “Sol” e a “Lua” e as “estrelas”. Eles também tiveram formas diferentes, mas por meio do que os astrônomos chamam de “nascimento estelar”, eles se desenvolvem em novas e diferentes formas (vs. 40-41). “Corpos celestes” não são anjos, como alguns pensaram. Anjos não têm corpos; eles são “espíritos” (Hb 1:7).

3) Ressurreição Atestada nas Convicções de Cristãos Piedosos (Cap. 15:29-34)


3) Ressurreição Atestada nas Convicções de Cristãos Piedosos
(Cap. 15:29-34)

Vs. 29-34 – O apóstolo retoma seu argumento para o fato da ressurreição, fazendo algumas perguntas. Elas giram em torno das convicções de Cristãos piedosos e sinceros.
Ao falar sobre ser “batizado pelos [no lugar de] mortos”, Paulo não estava ensinando que se uma pessoa morresse em seus pecados, ela poderia ser ajudada por alguém sendo batizado em seu nome. Se a Escritura ensina que uma pessoa não pode salvar-se ao ser batizada (1 Pe 3:21), então certamente não pode salvar outra pessoa por meio desse ato. Os “mortos” mencionados aqui não são pessoas perdidas, mas Cristãos que terminaram sua vida de serviço no testemunho pelo Senhor e foram estar com Ele. Aqueles que estavam sendo “batizados pelos [no lugar dos] mortos” eram novos crentes que estavam sendo salvos e entrando nas fileiras do testemunho Cristão “em lugar de” aqueles que haviam morrido. O batismo é a maneira formal pela qual alguém ocupa seu lugar nas fileiras Cristãs.
Naqueles dias, havia uma probabilidade muito alta de que, se alguém recebesse a Cristo como seu Salvador, e então fosse batizado, pudesse morrer como um mártir. Paulo menciona esse risco em sua vida, dizendo: “cada dia morro”. Ele estava se referindo ao seu encontro com homens bárbaros em Éfeso, a quem ele chama de “bestas” (At 19:23-41; 1 Co 16:8-9). Ele estava falando de sua exposição à morte física diariamente, e não alguma aplicação experimental da morte em sua alma, como alguns pensavam. Não há exortação para o Cristão morrer. Ele está morto posicionalmente (Rm 6:2).
O ponto que Paulo estava frisando era que havia uma possibilidade muito real de ser morto ao entrar no terreno do testemunho Cristão. Sua pergunta era: por que alguém iria querer entrar naquele terreno e provavelmente morrer se não houvesse esperança após a morte? Por que alguém iria querer colocar sua vida “toda a hora em perigo” se não houvesse nada além dessa vida para o que se viver? Por que então os crentes estariam dispostos a suportar a perseguição e fazer sacrifícios?
O ponto do apóstolo é que as convicções dos Cristãos ao estarem dispostos a defender Cristo sustentam um testemunho convincente do fato de que existe tal coisa como ressurreição. Essas pessoas estavam tão profundamente convencidas disso que estavam dispostas a colocar suas vidas em risco. Negar a ressurreição apenas destrói os incentivos para se viver e servir ao Senhor. Se não houvesse nada além da morte, a pessoa poderia simplesmente dizer: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (v. 32). O motivo que compele à correta vida e serviço Cristão é que há tudo para o que se viver depois da morte. Por que se preocupar em viver uma vida santa? Por que se preocupar em servir ao Senhor, se não fosse assim?
Paulo relaciona a falta de entendimento deles sobre este ponto fundamental da fé Cristã com as más associações. Ele diz: “as más conversações corrompem os bons costumes” (v. 33). Os Coríntios tiveram contato com maus mestres, e isso os afetou de maneira negativa. O apóstolo adverte que as consequências de se absorver tal doutrina errônea sobre a ressurreição também leva à má moral. (Algumas versões traduzem “costumes” como “moral”) É um fato; má doutrina leva à má prática. Isso corrompe a boa moral. Ele os exorta, portanto, a “vigiar” para a justiça prática “e não pecar”. Tais más conversações eram um pecado, e os estavam corrompendo. Eles precisavam se separar de tais mestres que os estavam corrompendo. Ele trata longamente disso em sua segunda epístola.

2) Ressurreição Atestada por Testemunhas Oculares (Cap. 15:5-28)


2) Ressurreição Atestada por Testemunhas Oculares
(Cap. 15:5-28)

Vs. 5-28 – O apóstolo passa a enumerar fiéis testemunhas oculares que viram o Senhor depois que Ele ressuscitou dentre os mortos, confirmando assim a ressurreição. Todas essas aparições aconteceram nos “quarenta dias” após a ressurreição do Senhor (At 1:3). Elas foram chamadas Cristofanias. Observe que ele não menciona as aparições do Senhor às mulheres (Mt 28:9-10; Jo 20:11-18). Não é que elas não pudessem ser confiáveis, mas que não é lugar das irmãs serem testemunhas públicas na confirmação da ressurreição do Senhor.

Seis testemunhas

1) V. 5a – “Cefas”. Isso foi em relação à restauração privada de Pedro ao Senhor.
2) V. 5b – “Os doze”. Este é um termo administrativo e não o número real de apóstolos. O Senhor realmente apareceu a apenas dez dos apóstolos nessa ocasião (Lc 24:36-48; Jo 20:19-23). Judas havia se enforcado e Tomé não estava presente nessa ocasião. E Matias não havia sido escolhido até após serem concluídas todas as aparições da ressurreição do Senhor. Os dez outros representaram o ofício administrativo de apostolado daquela época, o que significa “os doze”.
3) V. 6 – “quinhentos irmãos”. Estes aparentemente eram crentes Galileus.
4) V. 7a – “Tiago”.
5) V. 7b – “Todos os apóstolos”.
6) V. 8 – me apareceu também a mim (Paulo).

Os efeitos práticos da doutrina da ressurreição (cap. 15:8-11)

Vs. 8-10 – Caso alguém pense que a verdade da ressurreição é meramente um credo formal do Cristianismo que não tem nenhum significado prático na vida Cristã, Paulo abre um parêntese para mostrar que tal noção é falsa. A doutrina da ressurreição de Cristo tem grande poder prático em transformar vidas. Isso mudou a vida de Paulo dramaticamente.
1)   V. 8 – Converteu–o. Seu chamado era tal que ele era “um nascido fora de tempo” (ARA) “como a um abortivo” (At 9:1-9). Esta é uma referência dele nascer prematuramente antes de um remanescente da nação de Israel crer n’Ele em um dia futuro. Ele “antecipadamente creu  em ‘o Cristo’”[1] (Ef 1:12 – JND).
2)   V. 9 – Produziu humildade nele. Sua avaliação de si mesmo era de “que não sou digno de ser chamado apóstolo”.
3)   V. 10a – Isso deu a ele um profundo senso de apreciação pela graça de Deus. Ele disse: “Mas pela graça de Deus sou o que sou”.
4)   V. 10b – Produziu um desejo ardente de servir ao Senhor com toda a sua energia. Ele disse: “antes trabalhei muito mais do que todos eles”.
1)      V. 11 – Deu poder à mensagem do evangelho que ele pregou, para que as almas sejam levadas a crer. A conversão dos Coríntios foi um exemplo. Ele diz: “... e assim haveis crido”.

As consequências solenes de negar a ressurreição (Cap. 15:12-19)

Vs. 12-19 – Paulo então se volta para declarar as consequências solenes de negar a ressurreição. As ramificações são devastadoras (Observe os sete “se” nesses versículos). Se não há ressurreição:
1) As Escrituras não são verdadeiras (v. 12).
2) O próprio Cristo não ressuscitou e, portanto, não temos um Salvador (v. 13).
3) A pregação dos apóstolos e a fé dos Coríntios foram em vão – eles acreditaram em uma fábula (v. 14).
4) Os apóstolos eram testemunhas falsas em quem não se podia confiar (vs. 15-16).
5) Os Coríntios ainda estavam em =seus pecados perante Deus e, portanto, rumo à uma eternidade perdida (v. 17).
6) Os santos que dormem pereceram (v. 18).
7) Os Cristãos seriam muito infelizes, não tendo esperança neste mundo (v. 19).

Os resultados de longo alcance da ressurreição (parêntese cap. 15:20-28)

Vs. 20-28 – Ele então abre um parêntese (JND) onde traça os resultados de longo alcance da ressurreição. Ele mostra que Deus não apenas vencerá a morte por meio da ressurreição, mas também vencerá a causa da morte, que é o pecado.
Não só Cristo ressuscitou dentre os mortos, mas também todos os homens ressuscitarão dentre os mortos – tanto os salvos como os perdidos. Ele usa dois termos para indicar isso; ele fala da ressurreição dentre os mortos” (v. 20 – ATB) e “a ressurreição dos mortos” (v. 21).
A ressurreição “dentre os mortos” também é chamada de “primeira ressurreição” e envolve somente pessoas justas (Ap 20:5). Há pelo menos dez relatos nas Escrituras de pessoas sendo ressuscitadas dentre os mortos, mas nenhuma delas pertenceu à primeira ressurreição (1 Rs 17:21-22; 2 Rs 4:34-36, 13:20-21; Mt 9:24-25; 27:52-53; Lc 7:11-15; Jo 11:38-44; At 9:36-41, 14:19-20, 20:9-12). Aqueles que se levantarem “dentre os mortos” na “primeira ressurreição” ressuscitarão em seus corpos glorificados (Fp 3:21). Cada um desses dez relatos mencionados, onde pessoas ressuscitaram dentre os mortos, tornaram a morrer e ainda aguardam a primeira ressurreição.
A “primeira ressurreição” tem três fases. Cristo foi ressuscitado primeiro como “as primícias” (v. 23; At 26:23). A segunda fase ocorrerá em Sua vinda (o Arrebatamento) quando Ele ressuscitará os justos que morreram no longo intervalo de tempo – “os que são de Cristo, na Sua vinda” (v. 23; 1 Ts 4:15-18). A terceira fase envolverá aqueles que morrerão a morte de um mártir durante o período da Tribulação. Eles serão ressuscitados ao final da Grande Tribulação (Ap 6:9-11; 14:13).
“A ressurreição dos mortos” é um termo que fala da ressurreição de uma maneira geral, que inclui os perdidos. Ele diz: “assim também todos serão vivificados em [por] Cristo” (v. 22). Os perdidos serão ressuscitados ao final dos tempos (depois do Milênio) e então serão julgados (Ap 20:11-15).
Quando o “fim” do tempo é alcançado, que é depois que o Milênio tiver terminado, o Senhor entregará o reino a Deus em um estado de perfeição. Nem Adão, Moisés, Salomão, Israel nem a Igreja mantiveram o testemunho que lhes foi confiado. Todo vaso de testemunho ao longo do tempo foi quebrado. Haverá apenas Um Administrador fiel do que foi colocado em Sua mão – Cristo. Tendo de Deus recebido o reino (Lc 19:12), manterá perfeitamente a glória de Deus nele por 1.000 anos (Is 32:1). Então, depois que o tempo tiver terminado, Ele o entregará de volta a Deus, não apenas na condição em que foi recebido, mas com uma glória aprimorada! Quando Ele o receber, nem todos os inimigos serão abatidos. Ele vai colocá-los todos sob Seus pés e reinar por 1.000 anos. “Todo o império, e toda a potestade e força” no céu e na Terra serão tratados em justiça por Cristo. A “Morte” em si será o último inimigo a ser removido (v. 26). O Senhor não devolverá o reino até que o tenha levado a um estado de perfeição. Este será o fruto da reconciliação no seu sentido mais pleno (Cl 1:20). No final, tudo na criação estará livre dos efeitos do pecado. Poderíamos imaginar que Ele entregaria a Deus um estado desordenado de coisas?
O reino será entregue ao Pai para que o Filho seja livre para dedicar-Se plenamente à Sua noiva (Ap 21:2). Ser um Homem para sempre significará que Ele “Se sujeitará àqu’Ele” (Deus) para sempre (v. 28).


[1]  “O Cristo” é uma expressão nos escritos de Paulo que se refere à união mística de Cristo, a Cabeça, e os membros do Seu corpo, pela habitação do Espírito Santo (1 Co 12:12-13 – JND).

O FATO DA RESSURREIÇÃO 1) Ressurreição Atestada pela Escritura (Cap. 15:3-4)


O FATO da Ressurreição - Quatro Coisas que o Comprovam
(Cap. 15:1-42)

O apóstolo ocupa-se em provar a realidade da ressurreição, apontando para quatro coisas.

1) Ressurreição Atestada pela Escritura
(Cap. 15:3-4)

Vs. 3-4 – Ele começa com a mais confiável de todas as provas – as Sagradas Escrituras. Sem dúvida Paulo estava se referindo às Escrituras do Antigo Testamento, pois o Novo Testamento ainda não havia sido escrito. Ele diz: “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras”. E então, “ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Ele não toma tempo citando várias passagens, pois eles, sendo cheios de todo conhecimento (1 Co 1:5), eram conhecedores delas.
Não obstante, o Antigo Testamento está repleto de passagens que nos dizem que o Messias morreria e ressuscitaria novamente. Ele seria um Messias sofredor antes de ser um Messias reinante. Há mais de 25 profecias do Antigo Testamento cumpridas na morte e ressurreição de Cristo (Sl 16:10-11, 18:4-5, 22:15, 21b, 31:1-5, 102:24; Is 53:9-11, etc.). Somente um infiel negaria as Escrituras. “As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em forno de barro, purificada sete vezes” (Sl 12:6). “O céu e a Terra passarão, mas as Minhas palavras não hão de passar” (Mt 24:35). “Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra permanece no céu” (Sl 119:89).

Quatro fatos fundamentais do evangelho

1) “Cristo morreu por nossos pecados” – para tirar os nossos pecados (1 Jo 3:5).
2) “Ele foi sepultado” – para nos eximir (Rm 6:5-6; Gl 2:20).
3) “Ele ressuscitou” – para nos levar a uma nova posição diante de Deus (Rm 4:25-5:2).
4) “Ele foi visto” – para ser um objeto da nossa fé (Jo 20:20).

Doze razões por que Deus ressuscitou o Senhor Jesus dos mortos

1) Para cumprir as Escrituras (1 Co 15:3-4).
2) Para provar que o Senhor Jesus é o Filho de Deus (Rm 1:4).
3) Para estabelecer um selo de aprovação na obra consumada do Senhor na cruz (1 Pe 1:21).
4) Para que o Senhor fosse posto como um objeto de fé para a salvação (Rm 10:9).
5) Para a nossa justificação (Rm 4:25).
6) Para que o Senhor seja a Cabeça da raça da nova criação (Cl 1:18).
7) Para que o Senhor possa realizar Sua presente intercessão sumo sacerdotal (Rm 8:34; Hb 7:25).
8) Para que possamos dar fruto a Deus em nossas vidas (Rm 7:4).
9) Para que o Senhor seja as primícias dos que dormem (1 Co 15:20).
10) Para fortalecer a fé de Seus discípulos para testemunhar por Ele (At 2:32-36).
11) Para demonstrar o poder de Deus para trazer o reino de acordo com as promessas do Antigo Testamento (Ef 1:19-20).
12) Para dar segurança a todos os homens do juízo vindouro (At 17:31).

O Evangelho Fundado na Ressurreição de Cristo (Cap. 15:1-2)


O Evangelho Fundado na Ressurreição de Cristo
(Cap. 15:1-2)

Vs. 1-2 – Ele volta para “notificar” a eles os primeiros princípios do evangelho. Ele assegurou-lhes que aqueles que realmente “receberam” o evangelho foram “salvos”. Mas acrescenta: “…se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão”. Isto foi para a consciência daqueles que entre eles eram meros professantes e que haviam abandonado a verdade da ressurreição. Reter a verdade do evangelho comprova a realidade da fé de uma pessoa. Um verdadeiro crente se apegará aos fundamentos do evangelho, mas o mero professante não. Desistir de algo tão fundamental quanto à ressurreição, põe em dúvida se tal pessoa é realmente salva. O que Paulo estava dizendo é que aquele que adultera os fundamentos do evangelho corta o próprio terreno abaixo de seus pés, sobre o qual professa estar! Ele estava dizendo: “Você tem certeza que realmente quer negar a ressurreição porque o fazendo, antes de mais nada, só prova que você nunca foi salvo?”
Um Cristão pode se tornar deficitário em alguns pontos da verdade e abrir mão de algo que já defendeu, mas não desistirá dos pilares da fé. Somente um apóstata faria isso. O apóstolo não está dizendo que se alguém não “retiver” a verdade do evangelho, perderá sua salvação, mas se alguém não “retiver” os fundamentos do evangelho, é porque, antes de tudo, nunca foi salvo. Portanto, se a ressurreição fosse apenas um mito, então a crença dos Coríntios era “em vão”, porque tudo o que eles tinham professamente recebido no Cristianismo dependia disso. Não era que eles eram deficientes na fé, mas que estavam errados no que eles acreditavam. Acreditar em algo “em vão” é acreditar em algo que não é verdade.

9) FALHA EM MANTER A SÃ DOUTRINA (Cap. 15)


9) FALHA EM MANTER A SÃ DOUTRINA
(Cap. 15)

A Assembleia Local é Responsável por Guardar a Sã Doutrina em seu Meio

O apóstolo se volta para enfatizar a importância de a assembleia local manter a sã doutrina. A assembleia como a casa de Deus deve ser “a coluna e firmeza [base] da verdade” (1 Tm 3:15). Como “coluna”, é para dar testemunho de toda a verdade de Deus por sustentá-la; como “base”, é apoiar a verdade pela piedade prática na vida dos santos. É triste dizer que os Coríntios estavam desviados disso. Alguns deles haviam abandonado a doutrina fundamental da ressurreição e muitos outros deixando a desejar na prática da piedade.
Abandonar essa grande pedra angular da fé Cristã era algo sério, pois cortava pela raiz o próprio fundamento sobre o qual eles estavam. “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo (Sl 11:3 – ARF). Talvez isso tenha vindo por meio da influência dos Saduceus que negam a ressurreição (Mt 22:23; At 23:8). Qualquer que tenha sido a fonte foi definitivamente pior que o que “Himeneu e Fileto” estavam difundindo (2 Tm 2:17-18). Esses dois mestres errôneos não negaram a ressurreição, mas tinham uma ordem errada dos eventos referentes à ressurreição. Eles estavam ensinando que a ressurreição já tinha acontecido. Os Coríntios, no entanto, estavam sustentando algo muito pior – estavam negando a ressurreição completamente! O apóstolo sabiamente deixou este mais sério de todos os erros para corrigir no fim de sua epístola. O capítulo começa com a morte de Cristo e termina com a vinda de Cristo.

O Lugar das Irmãs em Reuniões Públicas


O Lugar das Irmãs em Reuniões Públicas
(Cap. 14:34-40)

Vs. 34-35 – Na igreja de Corinto, as irmãs estavam falando nas reuniões de ministério. Pode ser que estivessem fazendo perguntas. O apóstolo aproveita esta oportunidade para mostrar o lugar que Deus quer que as irmãs tenham nas reuniões públicas. Elas não deveriam “falar”, mas “estarem sujeitas, como também ordena a lei”. Quando uma irmã exerce seu dom de ministrar a Palavra, é chamada de “profetisa” (veja 2 Rs 22:14). Mas Paulo disse no versículo 29: “E falem dois ou três profetas”. Ele não disse: “E falem dois ou três profetas e profetisas”.
Alguns pensaram que Paulo não estava proibindo as irmãs de ministrar a Palavra, mas simplesmente restringindo sua tendência de conversar umas com as outras enquanto ocorriam as reuniões, e assim perturbando. No entanto, a palavra “falar” aqui é a mesma palavra usada no versículo 29, que se refere aos irmãos (profetas) falando das Escrituras. Se aqui isso significa conversar, então lá significa conversar! Achamos difícil acreditar que o apóstolo estava encorajando os “profetas” a conversarem na reunião, em vez de ministrarem a Palavra. Portanto, concluímos que as irmãs estavam falando de coisas espirituais, talvez fazendo perguntas nas reuniões.
A solução de Paulo para as perguntas que as irmãs pudessem ter, seria perguntar aos seus maridos no ambiente doméstico, e não nas reuniões. Ele disse: “interroguem em casa a seus próprios maridos”. Alguns se perguntam o que as irmãs deveriam fazer se não tivessem marido. A resposta está no fato de que a palavra “maridos” não se refere exclusivamente a homens casados, mas sim a homens da família. A palavra “maridos” também pode ser traduzida como “homens” e talvez devesse ser traduzida assim aqui (At 1:16; 13:38). Portanto, se uma irmã não tivesse marido, ela poderia perguntar a um dos irmãos.
Paulo não proibiu as irmãs de orarem ou profetizarem. 1 Coríntios 11:5 permite tal atividade (veja também At 21:9). Contudo, este capítulo afirma claramente que tal ministério das mulheres não é permitido “nas assembleias”. A esfera das irmãs para profetizar é a esfera doméstica, fora das reuniões públicas da assembleia.
A maioria dos Cristãos concordará que Deus tem papéis distintos para o homem e a mulher, e acredita que devam ser observados, mas apenas em nossos relacionamentos naturais em casa. Quando se trata da assembleia, acham que tais distinções de macho e fêmea não devem ser consideradas, porque a Palavra de Deus diz: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). Muitos teólogos acreditam que essa declaração universal se sobrepõe às ordenanças mais específicas contidas em outras declarações de Paulo em 1 Coríntios 14:34-35 e 1 Timóteo 2:11-12.
Esse mal-entendido vem da falha em se distinguir entre posição e prática. A chave que desfaz essa aparente contradição está em entender o que significa o termo “em Cristo Jesus”. O termo descreve o lugar de aceitação do crente diante de Deus na posição que Cristo ocupa agora como um Homem em glória. Simplificando: “em Cristo” significa estar no lugar de Cristo diante de Deus. É a nossa posição Cristã diante de Deus na nova criação e está inseparavelmente ligada à habitação do Espírito Santo. Paulo usa isso muitas vezes em suas epístolas (Rm 8:1; Ef 1:3; 2 Co 5:17; Gl 6:15; Ef 2:13, etc.). O ponto em Gálatas 3:28 é que todos os crentes, independentemente de sua nacionalidade, origem social ou sexo, são todos igualmente abençoados naquele lugar de aceitação diante de Deus. É um termo posicional. No entanto, 1 Coríntios 14 e 1 Timóteo 2 referem-se a uma ordem prática de coisas entre os Cristãos na Terra. Gálatas 3 está falando do que somos “em Cristo”, mas 1 Coríntios 14 está falando do que devemos fazer “nas assembleias”. Um está diante de Deus no céu; o outro está entre os homens na Terra. Quando entendermos a diferença entre as duas coisas, veremos que os lugares e serviços dos irmãos e irmãs na assembleia são bem distintos.
Alguns acham que essa proibição de mulheres falarem na assembleia se aplicava apenas naquela época à Corinto, que era uma cidade particularmente famosa por ter mulheres escandalosas e despudoradas. É-nos dito que essas mulheres Coríntias continuavam em seus velhos hábitos depois de serem salvas e, assim, isso levou distúrbios às reuniões. A resposta de Paulo a esse problema local era que ficassem em silêncio até saberem como se comportar melhor. Assim, concluem que este preceito do apóstolo não tem aplicação às mulheres na Igreja hoje.
Mais uma vez, é pura suposição dizer que as mulheres estavam agindo assim. As Escrituras não dizem que este foi o problema. Além disso, simplesmente não há verdade na ideia de que essas instruções eram apenas para Corinto. O início desta epístola mostra que os princípios dados na epístola são para mais do que apenas aqueles naquela assembleia, mas para todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1:2). Esta mesma passagem em questão em 1 Coríntios 14 nos diz claramente que esse preceito era para “todas as assembleias dos santos” (JND) – não apenas aqueles em Corinto (1 Co 14:33-34).
Vs. 36-38 – Paulo parece antecipar objeções às instruções que deu neste capítulo e, portanto, apressa-se em lembrar aos Coríntios que as coisas que ensinava eram “mandamentos do Senhor”. Não eram seus sentimentos ou crenças pessoais. Ele acrescenta que a prova da espiritualidade de uma pessoa será vista pelo seu reconhecimento de que essas coisas eram do Senhor.
Ele então conclui o assunto dando um princípio governante final: Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14:40).