O Princípio da Identificação
(Cap. 10:15-22)
Vs. 15-20 – Nestes versículos, o apóstolo
estabelece um princípio básico em relação à comunhão, e então o aplica à
situação em Corinto. Podemos chamá-lo de princípio de identificação. Isto é, ao
participar de um serviço religioso de qualquer tipo, somos identificados com
tudo o que esse sistema apoia e representa, quer acreditemos ou não em tais
coisas. Nosso ato de participar com eles é uma expressão de nossa comunhão com
tudo o que lá existe. Ele mostra que isso é verdade na adoração Cristã e na
comunhão, e no Judaísmo e no Paganismo. Em cada caso, o princípio da
identificação existe.
Em relação ao Cristianismo, ele disse: “O cálice de bênção que nós abençoamos, não
é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que nós partimos, não é comunhão
com o corpo de Cristo?” (v. 16 – Tradução W. Kelly) Fica claro a partir
disso que nosso ato de partir o pão (participar da Ceia do Senhor) é uma
expressão de nossa comunhão com o Senhor e Sua mesa e todos aqueles com quem
partimos o pão.
Em relação a Israel (Judaísmo), ele
mostra que o mesmo princípio existe, dizendo: “Vede a Israel de acordo com a carne: não são eles que comem os
sacrifícios em comunhão com o altar?” (v. 18 – Tradução W. Kelly). Aquele
que participa dos sacrifícios no altar Judaico é identificado com tudo o que
aquele altar representa.
Ele também mostra que o mesmo princípio
se aplica à idolatria no paganismo, dizendo: “as coisas que eles sacrificam, as sacrificam a demônios, e não a Deus;
e não quero que vós tenhais comunhão com os demônios” (v. 20 – ATB).
Aqueles que participam do “cálice dos
demônios” estão em comunhão com os demônios.
Vs. 21-22 – O apóstolo então arrazoa com
os Coríntios a respeito do descuido deles em relação às suas associações.
Aparentemente, estavam participando de coisas que estavam em templos pagãos e
não pensaram nisso. Mas Deus não quer que Seu povo esteja em comunhão com
prática ou mal espiritual (2 Co 6:14-18). Ao fazer isso, estavam identificando
a “Mesa do Senhor” com a mesa de
demônios. Portanto, Paulo quer que abandonem isso imediatamente, dizendo: “Não podeis beber o cálice do Senhor e o
cálice dos demônios: não podeis ser participantes da Mesa do Senhor e da mesa
dos demônios” (v. 21).
Este princípio de identificação tem uma
aplicação muito mais ampla do que a idolatria. O ponto que Paulo estabelece
nesses versículos é que, se participamos da Mesa do Senhor, devemos observar que
não participemos de nada que seja inconsistente com ela e sua santidade.
Significa que partir o pão à Mesa do Senhor exige a separação de todas as
outras mesas, seja no Judaísmo, no paganismo, ou mesmo nos locais Cristãos não
bíblicos de adoração na Cristandade. Estar em “comunhão” com o “sangue”
e “corpo” de Cristo à Mesa do Senhor
exige necessariamente a exclusão de todas as outras comunhões. Fazer isso é
provocar o Senhor a agir em uma ação governamental de julgamento, como fez com
Israel (v. 22).
Há muitas mesas feitas pelo homem
(comunhões) no mundo Cristão hoje em dia, mas o Senhor não pode legitimar a
existência delas com a Sua presença em seu meio coletivamente. Ao fazê-lo, Ele
estaria legitimando as muitas divisões do testemunho Cristão. Ele está com
todos os Cristãos individualmente em
todos os momentos (Mt 28:20; Hb 13:5), então em certo sentido Ele está com
eles. Contudo, Ele não pode estar no meio das várias comunhões Cristãs no
sentido de Mateus 18:20 – que é Sua presença coletivamente, legitimando o terreno sobre o qual Seu povo se reúne
e autorizando seus atos administrativos. Ele simplesmente não está em todos os
lugares onde os Cristãos se reúnem nesse sentido. Portanto, se aqueles que comem
à Mesa do Senhor também comerem nessas outras mesas (Cristãos cismáticos,
Judeus ou pagãos), eles poderiam incorrer no julgamento governamental do Pai (1
Co 11:27-32; 1 Pe 1:16-17).
Alguns perguntaram: “Se há apenas uma
Mesa do Senhor, e isso significa o único terreno de comunhão Cristã que Ele
reconhece, então qual grupo de Cristãos tem a Mesa?” Esta questão colocou o
foco no lugar errado. Ela está se focando nas pessoas que estão na Mesa do
Senhor. Nossa resposta quanto a quem
tem a Mesa do Senhor é – o Senhor! É Sua mesa, e Ele está conduzindo crentes
exercitados a ela. Há sempre um perigo de se mudar do foco do Senhor no meio,
para o foco das pessoas que o Espírito de Deus reuniu e dizer que eles têm a
Mesa do Senhor. Isto é um erro. Nosso foco deve ser Cristo. Nosso reunir-se
deve ser “a Ele” (Hb 13:13).
A comunhão expressada à Mesa do Senhor
no partir do pão abrange todos os verdadeiros Cristãos, embora todos possam não
estar à Sua Mesa. Vemos no “um só pão”
todos os membros do corpo de Cristo (v. 17). A Mesa do Senhor é onde todos os
Cristãos deveriam estar. Uma vez que a profissão Cristã hoje está em ruína, e
há centenas de comunhões Cristãs alegando ter o Senhor no meio deles, os
Cristãos exercitados devem procurar o lugar da designação do Senhor onde está
sua Mesa, usando os recursos que Deus deu – os princípios da Palavra de Deus,
oração e direção do Espírito de Deus (Sl 25:9; Pv 25:2; Lc 22:10). Tudo se
resume a este simples fato: não pode haver duas (ou mais) comunhões de Cristãos
na Terra que o Senhor identifique como estando sobre o terreno divino de
reunião. Cristo não está dividido (1 Co 1:13).
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