3) A Pureza da Assembleia
(Cap. 5:6-11)
Vs. 6-11 – O apóstolo menciona uma
terceira razão pela qual a excomunhão era necessária. Visto que a santidade
convém à casa de Deus (Sl 93:5), a assembleia é responsável por manter a
santidade em seu meio. Há duas razões para isso: primeiro, a fim de que ali seja um lugar adequado para o Senhor
habitar no meio; e em segundo lugar,
para que o caráter de levedura do mal não permeie toda a assembleia, e muitos
sejam afetados pelo mal e sigam tais caminhos.
Para ensinar esta importante lição,
Paulo usa a ilustração de um pouco de massa. Assim como o fermento em uma parte
da massa permeia toda a massa, também o mal deixado sem ser julgado na
assembleia se espalha. “Não sabeis que
um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” (v. 6) Isso ensina a
importante lição de que a associação com o mal contamina. Isto é verdade independentemente
se é mal doutrinário (2 Tm 2:16-18; 2
Jo 9-11; Gl 5:9), mal moral (Js 7:11;
Jz 20:13), ou associação eclesiástica
(1 Co 10:15-23; Ag 2:11-13).
Mesmo que não cometamos o pecado, mas se
estamos em comunhão com uma pessoa que o comete, estamos associados a ele. O
princípio da associação com o mal é ilustrado no caso do pecado de Acã. Quando
ele pecou, Deus disse: “Israel pecou”
(Js 7:11). Nada mais claramente condena a falsa ideia de que o pecado em uma
pessoa concerne somente àquela pessoa e não envolve os outros com quem ela está
em comunhão. Muito pelo contrário, Deus olha para a tolerância do mal em uma
assembleia como cumplicidade com o mal. A responsabilidade da assembleia dos
Coríntios era “Alimpai–vos pois do
fermento velho, para que sejais uma
nova massa, assim como estais sem fermento”. O apóstolo queria que eles elevassem
seu estado coletivo à posição que tinham diante de Deus como “sem fermento” (v. 7). Eles precisavam
ser na prática o que eram em posição. Excluir o fermento na
assembleia, colocando o homem incestuoso fora da comunhão, produziria isso em
um sentido coletivo.
Assim, o apóstolo queria que eles “fizessem festa”, não com indiferença
ao pecado, mas “com os asmos da
sinceridade e da verdade” (v. 8). “A
festa” não é apenas o comer a Ceia do Senhor, mas refere-se a todo o
período da vida do crente na Terra. Toda a nossa vida deveria ser uma “festa” de comunhão com Deus que é
separado do pecado. Não é para ser mantida com “fermento velho”, que é uma referência aos pecados pré-conversão
que podem surgir na vida de um crente.
Nos versículos 9-10, o apóstolo mostra
que o exercício da santa disciplina só pode ser praticado dentro do círculo
Cristão. Tentar exercer tal disciplina para com o homem do mundo seria impossível.
O Cristão não tem nada a ver com tentar acertar o mundo. Ao dizer “Isto não quer dizer absolutamente com os
devassos deste mundo”, ele estava fazendo concessões para tais situações em
que o Cristão poderia ter a obrigação de comer uma refeição com um fornicador incrédulo
deste mundo – talvez com um empregador. Ele explica que, para tentar aplicar
disciplina aos perdidos deste mundo, seria preciso “sair do mundo” completamente, o que é impossível.
Ele
se apressa para dizer que se “aquele
que, dizendo-se irmão” estiver em pecado, “não vos associeis [mistureis
– JND]” (v.11) com ele. Ou seja, não
devemos manter companhia ou mostrar qualquer comunhão para com ele – até mesmo
para comer uma simples refeição. Sendo evitado pela comunidade Cristã, o homem
seria levado a sentir a seriedade do que fez e o arrependimento começaria a
trabalhar em sua alma.
O apóstolo também menciona que a
necessidade de excomunhão não deveria ser restrita a um “devasso”, mas incluiria uma pessoa “avarenta”, ou um “idólatra”,
“maldizente”, “beberrão”, um “roubador”
etc. Não é uma lista completa, pois um homicida e um blasfemo não estão nomeados,
mas certamente seriam excomungados, como os outros.
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